Consumidor que empresta o nome acaba se endividando
segunda, 14 de outubro de 2019
Ao tentar ajudar uma pessoa próxima, é preciso pensar bastante antes
Para o educador financeiro do SPC Brasil e do portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli, devido à proximidade pessoal o consumidor fica sensibilizado, já que é muito mais difícil negar ajuda.
"O problema é que decisões financeiras precisam ser tomadas de forma racional, e quando as emoções interferem, o julgamento do consumidor fica comprometido. Por isso, o recomendável é pensar bastante, de preferência sem a presença da pessoa que fez o pedido, antes de tomar qualquer atitude", avaliou ele.
Relacionamento ficou 'abalado'
Em pelo menos 69,2% dos casos, os entrevistados afirmaram que o relacionamento entre o devedor e quem emprestou o nome ficou abalado. Dos entrevistados que emprestaram o nome e ficaram inadimplentes, 82% afirmaram que pretendem "nunca mais emprestar seus dados, cartões e cheques a terceiros."
Segundo a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, emprestar o nome para amigos ou conhecidos é uma atitude solidária, mas pode estragar planos importantes de médio e longo prazo, como comprar uma casa, um carro ou investir na educação e saúde.
Ao tentar ajudar uma pessoa próxima, é preciso pensar bastante antes. Os resultados da pesquisa indicam que, frequentemente, quem emprestou o nome acaba se responsabilizando por uma dívida que não fez, com graves desdobramentos como a restrição ao consumo, inadimplência e até mesmo a perda da amizade de quem pediu ajuda”, acrescentou ela.
Quitação da dívida
Além de emprestar o nome para outra pessoa e ter que arcar com a dívida, a pesquisa identificou que quase metade (44,3%) não cobrou o dinheiro de volta.
Além disso, apenas 11,5% já receberam o valor integral da dívida e 12,1% um valor parcial, sendo que 76,4% não receberam nada.
A principal justificativa de quem não pagou é que não possui dinheiro para pagar (40,3%) e outros 15,1% dizem que a pessoa alegou que irá pagar quando arrumar um emprego ou tiver um aumento do salário, informaram a CNDL e o SPC Brasil.
O estudo também mostra que apenas 5,3% daqueles que fizeram compras com o nome de outra pessoa, e ficaram inadimplentes, pagaram integralmente a dívida. Outros 64,1% ainda estão em negociação para o pagamento e dois em cada dez (19,9%) assumiram essa pendência.
Segundo Kawauti, o consumidor que ficou inadimplente acha que a dívida não é dele e muitas vezes adia ou renega o pagamento.
"Porém, ainda que ele não tenha de fato contraído a dívida, tem responsabilidade em ter emprestado o nome e a única maneira de sair dessa situação pode ser ele mesmo pagar o valor da conta em atraso", afirmou ela.
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